segunda-feira, 20 de julho de 2009

Pergunta da Hora

Como obter a liberdade plena de produção de conhecimento, exercer toda a potencialidade crítica e criativa, conciliando o conhecimento já existente, independente da sua origem, adequando-o à realidade nacional e/ou regional?

Como obter a libertação plena estando o pesquisador sujeito a mecanimos de avaliação que medem justamente o quanto ele está submetido ao processo imposto por uma realidade externa a sua?

A Internet como Inteligência Coletiva

O portal Inovação Tecnológica (www.inovacaotecnologica.com.br) traz uma excelente entrevista com Joel de Rosnay, onde é apresentada uma síntese do seu pensamento em torno de uma auto-organização não consciente do conteúdo da internet. Joel possui alguns livros publicados em que ele descreve por meio de metáforas de origem biológica e tecnológica reflexões a respeito do futuro da civilização a partir de uma grande rede de comunicação que integra todas os meios existentes (internet, televisão, satélite, telefone, rádio, etc.). O link da entrevista é este: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=internet-esta-se-auto-organizando-metacomputador-global&id=010150090720

Entretanto, para que a internet se torne este organismo vivo que Joel afirma que ela é, algumas etapas nesse processo evolutivo ainda devem ser cumpridas.

A Internet ainda hoje é uma grande base de dados, sem relações formais estabelecidas entre os diversos conteúdos que possui. Visto como um organismo vivo, é como se ela apresentasse boa parte dos órgãos, mas sem os diversos mecanismos que permitem a circulação de sangue, enzimas, e outros compostos químicos que fazem parte da sua dinâmica. De fato, é esta característica ainda ausente na Internet: dinamismo. Todo conteúdo tem um caráter estanque, na medida em que ele existe apenas para justificar a si mesmo, e não para que sirva de base, apoio, ou fonte para qualquer outro ponto da rede. O conteúdo não é armazenado, formatado ou apresentado para que sirva como fonte para outros nodos da rede.

A chamada Web 2.0 é uma tentativa inicial de dar um caráter mais dinâmico a Internet, permitindo que o conteúdo gerado por uma fonte possa ser usado por outros locais da rede. Entretanto, trata-se apenas de uma replicação de conteúdo, sem qualquer tipo de filtragem. Nesse sentido, é apenas como se o sangue de um organismo servisse a todas as suas necessidades, sem a necessidade de outros elementos específicos a cada órgão, músculo, tecido ou célula. Sabidamente, o sangue serve como meio de transporte a uma série de microorganismos que servem aos mais diferentes propósitos dentro do corpo. Cabe a cada órgão, retirar dos órgãos os elementos necessários ao seu funcionamento.

Este é próximo passo na internet: a verdadeira incorporação de um caráter dinâmico, realizando diferentes processos de filtragem e tratamento da informação, de modo que esta seja adequada as especificidades de cada um dos elementos constituintes da rede. Neste sentido, a Web Semântica tende a ser solução indicada para estes requisitos. Permitir um tratamento da informação de modo a armazena-la, manipulá-la e apresentá-la segundo as particularidades e objetivos de cada um dos elementos constituintes da rede.

Contudo ainda há um elemento necessário para que esta dinâmica inicie: o cérebro. O cérebro gera as inferências conscientes e inconscientes para o perfeito funcionamento do organismo sempre no sentido do seu objetivo maior: a sobrevivência do ser. Não obstante, este ser está ainda inserido em um ambiente com outros seres iguais e de espécies diferentes, gerando todo um aspecto social da sua existência.

Do ponto de vista da rede como um organismo vivo, esta é a etapa final para um verdadeiro sistema vivo e auto-organizável como pleiteia Joel. Deste modo, a rede será formada por um conjunto grande de sistemas com objetivos próprios que cooperarão com outros sistemas. As atuais base de dados estáticas que simplesmente lançam e emprestam conteúdo a rede serão transformadas em fontes de informação sujeitas a algoritmos baseados em Web Semântica que inferiram apenas o conteúdo necessário aos interesses de seu mecanismo controlador.

Não se trata de uma inteligência e de uma sociedade que competirá por recursos com a seres vivos, mas que servirá aos propósitos destes, operando segundo um modelo baseado no seu funcionamento. E tão somente isso.