quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ciência na Prática

Uma das imagens mais marcantes da história da ciência é a de Issac Newton sentado embaixo de um pé de maçã, quando uma destas frutas cai sobre a sua cabeça. Segunda a lenda, é neste instante que Newton, que é um dos maiores cientistas da história, descobre a Lei da Gravidade. Contudo, a lenda se confunde com o modo como se entendia, até então, o que era fazer ciência. 

O mal entendido da-se uma vez que se tem a impressão que em um assombro de genialidade, Newton associou a queda da maçã a uma força de natureza gravitacional que a atraiu para a terra. É impensável, mesmo para o gênio Issac Newton, que uma teoria da magnitude da Lei da Gravidade tenha sido elaborada simplesmente pela observação da queda de uma maçã. Esta teoria foi obra de anos de pesquisa sobre o assunto. 

De fato, uma teoria não nasce da noite para o dia, nem em uma hora de descanso debaixo de uma árvore. Até a sua elaboração e validação, são necessárias várias horas de estudo a respeito do estado da arte sobre um determinado assunto, a elaboração de hipóteses sobre um novo conjunto de conhecimentos e sua devida experimentação. O ordenamento destas etapas e o papel que cada uma representa num processo de investigação científica foi, e ainda é, tema de dabate entre os epistemólogos

A epistemologia é o estudo da investigação científica e seu produto, o conhecimento científico. Dentro do contexto abordado neste texto, a epistemologia é utilizada para analisar o papel das etapas empregadas em um processo de investigação científica. Através dos anos, este processo foi modificado até alcançar o estágio que se encontra hoje em dia, assim como qualquer teoria científica. 

A lenda a respeito da maçã que caiu sobre a cabeça de Newton teve respaldo no método em que ele empregava. Segundo Newton, uma teoria científica nasce da observação da natureza, por meio dos nossos orgãos sensores, e o cientista tem a função de relacionar suas observações a uma teoria. Deste modo, uma teoria científica tem o papel de retratar em uma linguagem matemática os fenômenos da natureza. Segundo este método, denominado método indutivo, uma teoria expressa os fenômenos da natureza em uma relação direta com a realidade. O método é denominado indutivo por que o cientista deve induzir sua teoria a partir das observações que faz. Ainda uma premissa importante para o método indutivo é que o cientista deve se abster de qualquer conhecimento ou avaliação anterior ao experimento. 

Contudo, o avanço da ciência demonstrou que o método indutivo tem premissas inválidas e permutadas.  Uma nova teoria nasce a partir da avaliação de um contexto atual, o que invalida a idéia de abstenção de conhecimento anterior. Uma teoria, via de regra, surge a partir da reavaliação de uma formulação anterior, o que implica necessariamento uma avaliação do estado da arte. A partir desta avaliação, deve-se pressupor um conjunto de hipóteses que serão posteriormente avaliadas em experimentação. A experimentação tem a função de confrontar os resultados da teoria com aqueles obtidos junto ao fenômeno analisado. 

Não obstante, a idéia de verdade científica é reavaliada, apresentando um caráter transitório e temporal, até que uma uma nova teoria vem substituir aquela estabelecida anteriormente. Em ciência, uma verdade nunca é definitiva. 

Assim, uma teoria científica deixa de ter a função de retratar a realidade dos fenômentos naturais, e passa a ser um meio de representação destes fenômenos utilizando uma linguagem simbólica e abstrata restrita ao seu domínio de representação.